sexta-feira, 21 de maio de 2010

CONVERSANDO COM ESTRELAS


" Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso! E eu vos direi, no entanto,
Que para ouví-las, muitas vezes desperto e abro as janelas,
pálido de espanto...

E conversamos toda a noite,
Enquanto a via- láctea, como um pálido aberto,
Cintila. E, ao ouvir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora:" Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: Amai para entendê-las?
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."


Uma linda poesia, de um grande gênio parnasiano. Sei que pode parecer irônico dizer que a poesia parnasiana de Olavo Bilac tem um certo valor sentimental, uma vez que, "sentimental" não se enquadra no estilo formal e preciosista do parnasianismo, mas como foi citado na primeira postagem do blog, o objetivo é exatamente identificar os sentidos do poetas.
É possível descrever e interpretar a poesia acima, pelas personificações explícitas no texto em análise. O autor deixa claro o significado de amar, no trecho: " Só quem ama pode ter ouvido capaz de ouvir e de entender estrelas." Qual a sua definição para AMAR?


quarta-feira, 3 de março de 2010


Mudam- se os tempos, mudam- se as vontades,
Muda- se o ser, muda- se a confiança;
Todo mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidadades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem ( se algum houve), as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria, e, em mim,
Converte em choro o doce canto.
E afora este mudar- se cada dia, outra mudança faz,
De mor espanto, que não se muda já como soía.

Belíssima poesia de Luís Vaz de Camões. Uma ótima viagem até o século XII, período do Renascimento, para as páginas do blog - séc XXI.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010


" É fácil trocar as palavras,
Difícil é interpretar os silêncios!
É fácil caminhar lado a lado,
Difícil é saber como se encontrar!
É fácil beijar o rosto,
Difícil é chegar ao coração!
É fácil apertar as mãos,
Difícil é reter o calor!
É fácil sentir o amor,
Difícil é conter sua torrente!

Como é por dentro outra pessoa?
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.

Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição
De qualquer semelhança no fundo."
*Nada como o modernismo de Fernando Pessoa para inaugurar o blogger!
Segundo Pessoa, nada podemos saber da alma de outrem. Sabemos tudo sobre nós, sobre o que pensamos, sobre o que sentimos, mas o que podemos saber sobre a alma de outro? Procuramos qualquer sentido que faça, através de gestos, de sinais, mas nada sabemos a fundo o que é realmente a alma de outra pessoa. No seu dia-a-dia, com seus amigos, como você tenta saber como uma pessoa realmente é?

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

" Eu não tenho filosofia: Tenho sentidos..."

Sei que há várias definições para "sentidos" , mas a minha ideia é expor tudo auilo que define um poeta. Assim como a frase destacada de uma poesia de Fernando Pessoa, os sentidos de um poeta está em cada palavra que ele escreve, na sensibilidade do seu pensamento, em cada maneira de escrever o que sente, o que deseja, o que ama.

Vamos analisar cada estilo, cada momento da literatura e como alguns poetas repassaram isto.